(...)
Lembro-me
de ter ouvido, de certa feita, um pregador contar uma história que, segundo ele
assegurou, exprimia a verdade simples e literal. Essa história ilustra
perfeitamente o ponto que por ora consideramos[1]. Trata-se da
história de um criador de gado que, um dia, foi muito feliz e alegre dar a
notícia à sua esposa e a todos os seus familiares, que a sua melhor vaca dera a
luz a dois bezerros, um vermelho e outro branco.
E
acrescentou: “Vocês querem saber de uma coisa? Subitamente senti o impulso e o
sentimento de que devemos dedicar ao Senhor um desses dois bezerros. Haveremos
de cria-los juntos, e, quando chegar o tempo certo, venderemos um dos bezerros
e ficaremos com o dinheiro; e então venderemos o outro e doaremos o dinheiro
apurado para ser usado na obra do Senhor”. A esposa dele perguntou-lhe qual dos
dois bezerros ele queria dedicar ao Senhor. Mas ele replicou: “Não há
necessidade de nos preocuparmos com isso, por enquanto, mas trataremos ambos os
bezerros do mesmo jeito, e então, chegado o tempo próprio, faremos conforme eu
disse”. E se foi. Mas, dentro de alguns meses, aquele homem foi entrando pela
cozinha de sua casa, parecendo muito infeliz e contrafeito. Quando a sua esposa
indagou o que o perturbava, ele respondeu: “Tenho más notícias para dar-lhe. O
bezerro do Senhor morreu”. Todavia a mulher observou: “Mas você ainda não havia
decidido qual dos dois bezerros seria consagrado ao Senhor!” E ele retrucou:
“Oh, sim. Eu já havia decidido qual desde o princípio que o bezerro branco
seria do Senhor, e foi o bezerro branco que morreu. O bezerro do Senhor está
morto”. Podemos rir dessa estória, mas que o Senhor nos proíba de rirmos de nós
mesmos. É sempre o bezerro do Senhor que morre. Quando o dinheiro escasseia, a
primeira coisa que poupamos é a nossa contribuição para a obra de Deus. E essa
também é a porção que sempre gasta. Talvez não devesse usar a Palavra “sempre”,
na frase anterior, pois ela é injusta. Mas há inúmeras outras cosias que
recebem a primazia, e as coisas de que realmente gostamos são as últimas das
quais abrimos mão. “Não podeis servir a Deus e às riquezas.” Essas coisas
tendem por interpor-se entre nós e o Senhor, e a nossa atitude para com elas é
que, afinal de contas, determina a qualidade do nosso relacionamento com Deus.
O mero fato que acreditamos em Deus e que o chamamos de “Senhor, Senhor”, e que
assim também fazemos em relação a Jesus Cristo, não serve de prova conclusiva
de que O estamos servindo, ou de que reconhecemos a Sua exigência totalitária,
entregando nos total e alegremente a Ele. “Examine-se pois o homem a si
mesmo...” (1 Coríntios 11.28).
Fonte:
LLOYD-JONES, D.M. Estudos no sermão do monte. São Jose dos Campos: Editora
Fiel. 4º Ed. 1999. p. 379.
Autor:
Lloyd-Jones







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