“Não fostes vós que me escolhestes a mim,
pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
No
capítulo anterior vimos que a condição do homem é tão ruim que o homem não
poderia escolher a Deus. Porém se existem pessoas que seguem a Deus e essas
pessoas não poderiam naturalmente ter escolhido servir a Deus só nos sobra a
alternativa de que o próprio Deus escolheu essas pessoas, e é justamente isso
que a Bíblia nos ensina:
“Não fostes vós que me escolhestes a mim,
pelo contrário, eu vos escolhi a vos outros...”(João 15.16)
“...não sois do mundo, pelo contrário, dele
vos escolhi,...” (João 15.19)
“assim como nos escolheu, nele, antes da
fundação do mundo...” (Efésios 1.4)
“porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conforme a imagem do seu Filho” (Romanos
8.29)
“logo, tem Ele misericórdia de quem quer e
também endurece quem lhe apraz.” (Romanos 9.18)
“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;” (1 Coríntios 1.26-28)
Porém é
necessário aprendermos mais uma coisa sobre essa escolha, que ela não se baseia
em qualquer característica nossa, por isso quando os teólogos falam sobre Deus
ter escolhido seu povo, desde a eternidade, sem haver nada de especial nessas
pessoas, esses teólogos usam o termo “eleição incondicional”.
Vamos
raciocinar um pouco, a escolha de Deus não poderia se basear em nada que
houvesse no homem, porque todos os homens são maus. Além disso, a Salvação de
Deus é pela graça “Porque pela graça sois
salvos” (Efésios 2.8), ou seja, um favor que não merecemos, portanto se
Deus escolhesse seu povo por haver algo de especial neles a Salvação não seria
pela graça, mas pelo nosso merecimento, e não haveria motivo de agradecermos a
Deus por que nesse caso Ele estaria fazendo apenas sua obrigação.
Também
é importante salientar que Deus não escolheu seu povo porque previu que esse
povo creria nele, existem aqueles que defendem isso usando textos bíblicos como
esses “eleitos segundo a presciência de
Deus Pai”(1 Pe 1.2). “Porquanto aos
que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de
seu Filho”. Nesses textos a Bíblia fala sobre a presciência (um
conhecimento prévio) e de conhecer de antemão, mas ela não fala em nenhum momento
que esse conhecer se refere a conhecer as obras futuras de alguém e com base
nisso escolher essa pessoa, concluir isso é ir muito além do texto. Devemos
fugir desse tipo de interpretação que novamente faz a Salvação estar baseada em
algo no homem, e como discutido anteriormente se fosse assim a Salvação não
seria pela Graça.
Para
entender esses versículos temos que ver como a Bíblia usa a Palavra conhecer,
vejamos esse exemplo: “Pois o SENHOR
conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Salmo
1.6) Certamente se pensássemos no sentido que usamos a palavra conhecer, Deus
conhece o caminho de todos, tanto justos como ímpios, mas uso do termo conhecer
na Bíblia muitas vezes se refere ao relacionamento especial de Deus com seu
Povo, do amor d’Ele pelo seu Povo.
Com
base nisso devemos entender que Deus escolhe aqueles que ele amou, sem haver
neles nada de especial, mas simplesmente porque Ele é misericordioso.
Apesar
de esse ser o ensino da Palavra, muitos se opõem a esse ensino, o próprio
Apóstolo Paulo sabia dessa oposição, não é atoa que ele disse: “Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele
ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para
discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que
me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo
barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Romanos 9.19-21). O
apóstolo coloca cada um em seu lugar, quem somos nós para questionarmos nosso
Criador? Aquele que nos criou não tem direito de fazer com sua criação aquilo
que Ele bem entender? “porque Deus é
maior do que o homem.” (Jó 33.12). “Todos
os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e segundo a sua vontade,
ele opera com o exército dos céus e com os moradores da terra; não há quem lhe
possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4.35).
Visto
que a Bíblia ensina que Deus escolhe o homem, algumas pessoas questionam que
sendo assim não é necessário evangelizarmos. A Bíblia ensina as duas coisas,
que Deus salva o homem e que devemos pregar o evangelho, pois é por meio da
pregação do evangelho que Deus salva o seu povo. “aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação” (1
Coríntios 1.21). Prestemos atenção nesse versículo, é Deus quem salva, e para
isso Ele usa um meio, e esse meio é a pregação.
Aplicação
O que
muda na minha vida de eu aprender que é Deus que escolhe seu povo?
Se você
odeia o pecado, se preocupa com o pecado na igreja, sonha com a justiça de
Deus, sente fome quando não se alimenta com a Palavra de Deus, ama
principalmente aqueles que também têm esse desejo, então, sendo essas
características que a própria Bíblia coloca como característica do verdadeiro
cristão[1] cabe a ti
se prostrar ainda mais diante de Deus, pois não foi você que escolheu esse
caminho, mas o próprio Deus, que o amou desde a eternidade, afinal nós o amamos
porque “Ele nos amou primeiro”(1 João
4.19). Saber isso deve lhe trazer humildade de saber que não há nenhum mérito
em você, mas que você foi salvo da condenação apenas pelo amor incondicional
d’Ele.
Caso
você ainda se diverte no pecado, não cabe a você ficar pensando se você foi ou
não eleito por Deus, mas há esperança de que se você se lançar verdadeiramente
na presença d’Ele você será salvo, sabendo que isso só aconteceu porque o
próprio Espírito de Deus mudou seu coração, e somente a Deus deve ser dado todo
o louvor. “Todo aquele que o pai me dá,
esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum lançarei fora” (João
6.37).
Saber
da eleição de Deus também nos dá esperança na evangelização. Se dependesse da
escolha do homem, o trabalho seria muito penoso, pois como poderíamos convencer
homens pecadores a mudar seus caminhos que lhes são tão agradáveis? Além disso,
sempre cairia sobre nós o peso de pregarmos e não vermos as pessoas
convertidas, sempre nos sentiríamos frustrados. Mas saber que é Deus quem salva
nos da esperança de ver ser salvo mesmo o pior dos pecadores, de ter ousadia
para pregar nas cidades mais entregues ao pecado, porque “não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia.” (Romanos 9.16). Louvado seja o Nosso Deus por isso.
Agora,
há algo mais para refletirmos. A Bíblia ensina que Deus é justo, ele não
poderia simplesmente ignorar o pecado, também ensina que Ele é santo e não pode
simplesmente ter comunhão com nós pecadores. Algo é necessário para que Deus
possa perdoar aqueles que Ele escolheu e continuar sendo justo. Como isso pode
ser possível? Veremos isso no próximo capítulo.
Autor:
Ivan Junior







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