Epistemologia
é a área da filosofia relacionada ao conhecimento, basicamente ela tenta
responder uma pergunta básica. Como sabemos o que sabemos? Ela deve ser o ponto
de partida de qualquer sistema de pensamento, pois até eu responder “como” eu
sei alguma coisa não faz sentido eu dizer “o que” eu sei. Iremos discutir nesse texto as diferentes
visões sobre epistemologia até perceber que somente a Bíblia responde de
maneira coerente essa questão.
Empirismo
De
acordo com o empirismo todo o conhecimento vem dos sentidos. A ciência se
baseia no empirismo, e o “sucesso” dela é usado como prova da veracidade do
empirismo.
Com
base no empirismo nunca podemos chegar a uma conclusão universal, eu não posso
dizer que todos os corvos são pretos porque eu observei cem corvos e os cem
eram pretos, numa observação posterior eu posso observar um corvo albino, além
disso, eu não posso observar todos os corvos que existiram e os que ainda irão
existir. Com isso entendemos porque as teorias científicas estão sempre
mudando, uma observação pode mudar toda a conclusão anterior. Portanto a
ciência nunca chega a verdade sobre nada, porque a verdade não pode ser
mutável, o que é verdade hoje deve ser obviamente verdade amanhã. Parafraseando
Clark[1],
“não podemos aceitar uma visão pragmatista da verdade, que o que é verdade hoje
pode ser falso amanhã. Se a verdade muda então o pragmatismo será falso amanhã,
se alguma vez foi verdade”
Outro
problema com o empirismo é que os sentidos podem nos enganar.
O
empirismo também não pode explicar como aprendemos a linguagem, por exemplo,
como diz Vincent Cheung[2]
“Quando diz respeito a aquisição
de linguagem, que realmente se inclui na categoria mais ampla de aquisição de
conhecimento, é impossível a pessoa aprender o significado de uma palavra pela
sensação. Um pai pode tentar ensinar ao filho o que a palavra “carro” significa
apontando para o carro. Antes de tudo sobre a base do empirismo, a criança não
pode nem mesmo ver ou conhecer o pai, o carro e o ato de apontar, mas ignoremos
isso por ora. A criança ainda deve fazer uma inferência a partir do ato de
apontar do pai. Se o pai tenta ensinar o filho o significado da palavra “carro”
apontando para o carro, então para a criança a palavra “carro” pode significar
o ato de apontar, o dedo usado para apontar, a cor do carro, qualquer parte do
carro, o carro juntamente com a rua e a paisagem de fundo, qualquer objeto
maior, o significado de “ali” ou “deixa para lá”, e um número infinito de
outros significados possíveis. O Ponto é que o ato de apontar para um carro não
produz a inferência necessária de que “carro” signifique o que queremos dizer
pela palavra. Se alguém tenta sobrepujar o problema apontando para muitos
carros, então o significado da palavra na melhor das hipóteses, se tornar um
“transporte” que pode ser um elefante ou um camelo em algumas partes do mundo.
Mas até mesmo o conceito de transporte não é uma inferência necessária do ato
de apontar para muitos carros.”
A
palavra carro ainda apresenta menos dificuldades que outras como fé, Deus,
justificação, espaço, tempo, verdade. Como alguém pode aprender essas palavras
com base nos sentidos, alguém pode ver, ouvir, tocar ou cheirar essas coisas?
O
empiristas também defendem que o homem nasce com uma mente branca, sem conhecimento
nenhum, mas como diz Clark[3]
“Uma
mente branca é uma impossibilidade. Uma consciência consciente de nada é uma
contradição de termos”
Além
disso as sensações de uma pessoa, não são nada além do que as sensações de uma
pessoa, outras pessoas não podem experimentar as nossas sensações, com base
nelas não posso estar certo de que há um mundo externo ou se eu sou apenas
enganado como no filme Matrix. Deve-se acrescentar ainda que muitos animais tem
sensações ainda mais aguçadas, como saber se não são as sensações deles que
estão corretas. Como posso ter a
categoria de correto com base na sensação, ou de verdade? Ninguém pode dizer
com base no empirismo o que deve ser feito, leis morais não podem derivar das
sensações.
E
além de tudo o empirismo descansa em uma contradição, segundo o empirismo todo
conhecimento vem dos sentidos, mas não é possível pelos sentidos ter
conhecimento que “todo conhecimento vem dos sentidos”.
Racionalismo
Uma
outra teoria de epistemologia é o racionalismo, que afirma que a razão do homem
é fonte primária ou única da verdade. Segundo Schaeffer[4] a
definição de racionalismo é que “O homem começa absoluta e totalmente de si
mesmo, coleciona informação a respeito dos particulares e formula os
universais”. Os racionalistas nunca chegam a um consenso de qual o ponto de
partida do seu pensamento. O homem não é onisciente, ele não pode conhecer
todas as coisas e portanto com base em sua própria razão ele também não pode
afirmar nenhum conceito universal. O
homem também é falho em seu raciocínio, como cristão não devemos esquecer que a
queda também afetou a mente do homem.
A Visão Bíblica
Mateus 16.15-17 Mas vós, continuou
ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou:
Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus
1 Coríntios 2.9-10 mas, como está
escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou
pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus.
Esse texto de 1 Coríntios, ao
contrário do que muitos pensam não fala sobre o céu, olhe o contexto e veja que
ele fala sobre a sabedoria de Deus. Os sentidos não podem nos revelar a verdade
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram” nem tampouco podemos chega-la por nosso própria
razão “nem jamais penetrou em coração humano”, mas apenas Deus pode nos revelar
a verdade.
Deus é onisciente, só Ele conhece
e controla todas as coisas, só baseado na sua palavra podemos extrair conceitos
universais. Só na Sua Palavra podemos descobrir a verdade. Ninguém pode afirmar
nenhum conceito universal aparte da palavra.
Precisamos partir de um ponto em
nosso pensamento, esse ponto é a Bíblia, a revelação de Deus, a única base para
a verdade. Alguns podem argumentar como nós sabemos que ela é verdadeira, mas
se provarmos o nosso ponto de partida logo ele já não é o nosso ponto de
partida. E se aceitarmos que outros documentos comprovem a veracidade da
bíblia, logo estamos considerando esses documentos como superiores a própria
bíblia, e esses serão então nosso ponto de partida e se prosseguirmos assim
seguiremos infinitamente. A Bíblia é o nosso ponto de partida, essa não é uma
escolha arbitrária, pois ela não apenas explica como temos conhecimento, mas
também sobre a realidade (metafísica) sobre ética e as demais áreas de
importância em nossa visão do mundo, a apenas ela explica essas coisas de
maneira racional e clara e todos os outros sistemas de pensamento falham nessas
áreas.
[1]
NASH,
Ronald H. O Argumento a partir da Verdade de Gordon Clark. Disponível em < http://www.monergismo.com/textos/filosofia/argumento-verdade-clark_nash.pdf
>
[2] CHEUNG, Vincent.
Questões Últimas. p. 38-39. Disponível em
[3]
ROBBINS,
John W. Uma introdução a Gordon Clark. p. 7. Disponível em
[4]
SHAEFFER, Francis. A Ciência moderna nos primórdios. P. 3. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/apologetica/schaeffer_ciencia_moderna.pdf>







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